Estava aguardando o metrô na plataforma da estação Jardim Oceânico na Barra da Tijuca no Rio de janeiro, como sempre com meu livro, relendo “As Brumas de Avalon”, fascinada e vidrada com minha viagem nesse conto, quando duas mulheres se aproximaram.
Imediatamente pensei “que droga, a estação vazia e essas duas pararam justamente ao meu lado!” – era um bate papo animado, uma falação sem parar, que claro me trouxe do mundo da fantasia para a realidade da falta de respeito. Mas essa é outra história…
No auge da animação das amigas algo me interessou, e fiquei apenas a olhar as letrinhas do meu livro, só para disfarçar a minha curiosidade no assunto alheio rsrs…aprendi que uma escritora e contadora de história tem que manter os ouvidos antenados ao falatório do mundo.
Mas vamos lá!
Uma delas dizia que sapatos e bolsas eram as peças mais importantes no vestuário de uma mulher. E a outra contestava afirmando ser um absurdo ter um vício em algo que só consegue usar uma peça a cada saída. E a outra se defendeu, contando que já usou um jogo de sapato e bolsa diferente em três ocasiões em um único dia. Quando a outra ouviu isso surtou, ao constatar o tempo e dinheiro que perde em combinações de roupa com essa diversidade toda.
O papo rendeu dentro do vagão e claro como estava vazio, sentei ao lado delas, rsrs….estava adorando o papo, a minha curiosidade assolava minha alma, queria fazer um monte de perguntas, do tipo onde… guarda tudo isso? como conserva as peças? onde compra? são de grife ou não? Sei lá tinha tantas perguntas que me perdia no papo das duas.
Até pegar o fim da conversa.
Sim, eu passo o ano inteiro comprando bolsas e sapatos. E quando chega o mês de dezembro faço um grande brechó chic, e vendo tudo, absolutamente tudo. A outra parou, olhou séria pra amiga e disse “Se vende tudo no fim do ano, por que compra?” A outra sorriu, deu de ombro, e respondeu “Porque canso daqueles, e vendo pra comprar outros, simples assim”
Nesse momento fechei meu livro, não precisava mais daquele truque, pois desejei pegar o seu contato e aproveitar, pois pensei ser novos e uma bagatela. Mas antes que minhas palavras saltassem da boca, as duas levantaram e desceram, e o que me restou foi o arrependimento de ter fingido ler meu livro disfarçando meu desejo de entrar na conversa.
Então o que me restou foi entrar em uma loja e comprar um sapato novo, e iniciar uma tara por sapatos e bolsas, já me preparando para o meu brechó em dezembro de 2018.
Quem me acompanha?
Acho que não será uma tarefa tão ruim assim pra nós brasileiras amantes de sapatos e bolsa, rsrs….